sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Um nescafé e um amor, quentes, por favor!

Eu não sei porque, mas não consigo pensar no primórdio de um assunto como esse sem que comecemos pelo "querer". De novo. Mas pra conseguir, pensar, cogitar ou qualquer outra coisa que torne algo que você deseja é o mesmo que querer. É por isso que ele está sempre presente, é sempre o começo. E por ser esse começo, é que sempre queremos muito. Mas o que seria a graça da vida sem os anseios? O que é melhor do que aquele gostinho doce do conseguir, ou o amargo do desistir?


Então vamos relacionar nosso querido amor com o meu querer. Quem nunca pensou em ter um amor? Quem nunca quis? Não me diga que é você, porque você mesmo sabe que não é. Quem nunca quis passar o fim de tarde em beira de gargalhadas, daquelas que fazem a barriga doer e os olhos se estreitarem, até sentir o calor do fim da tarde abraçando ambos numa aconchegante sentimento de plenitude? Acontece que todos nós sentimos necessidade de amar e ser amado. Todos nós ansiamos que alguém dependa de você, que alguém pense em você de um jeito bom, como se você fosse, por qualquer motivo que seja, muito especial. Nós queremos porque é o que nos faz sentir bem consigo mesmo. Olha aí o nosso "querer" de novo.


Mas chega num momento em que querer demais se torna o maior problema. Alto, loiro, de olhos azuis, com 1.90 de altura e com 100 kg de puro músculo, além de, apesar de toda essa masculinidade estampada, não ter uma maldita voz fininha. Se aparece alguém mais ou menos nesses quadros, mas se for um pouquinho vesgo, ou que fale demais, ou que ande meio que nem um gingado, já descartamos. Daí nós, mulheres, quando são indagadas sobre o que há de errado com o último paquerinha ou com o último namorado, nós respondemos: "Ah, ele era chato demais!" ou "Ah, ele era muito ciumento." ou, é claro, uma das mais "dignas" "Ele não era o meu tipo."


É nessa eterna coisa mal resolvida que ficamos aqui, sozinhas, escrevendo num blog sobre amor e querer ter um amor. Tipo eu.
Tudo é uma questão de ponto de vista, na verdade. O que seria dos feios, dos magrelos, dos nerds, dos "mais pra lá do que pra cá"? Ué, eles também querem, não? Eles também tem seus anseios, querem se sentir amado e pensar que, em algum lugar da vida, ele foi especial de alguma maneira. Mas bem, pra tudo tem um gosto, sim?


Mas o pior tipo de amor é aquele que é despertado sem ter a intenção de ser recíproco. O homem foi feito para amar e ser amado, embora não necessariamente nessa ordem. E se as duas coisas forem feitas sumultaneamente, melhor ainda. Mas, como nós, seres humanos e benditos sedentários de corpo e alma, sempre temos o costume de sentar e esperar, simplesmente sente-se numa mesa gasta num café às oito horas da manhã, recheado com olheiras fundas e roxas, cabelos desegrenhados e os olhos injetados, e peça um nescafé e um amor.
Só não esqueça do "por favor".

Um comentário:

  1. "Mas o pior tipo de amor é aquele que é despertado sem ter a intenção de ser recíproco."


    Auch. Nem imagino.

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Se por um breve acaso você sentiu, pensou ou relacionou-se com uma das minhas poucas palavras, devolva-me.
E por extenso.