quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Parcialmente mascarado.
Com o tempo as pessoas se tornam cada vez mais versáteis. Algumas antes, outras muito tempo depois. Acontece que a vida torna nossa pele mais espessa e você se torna um lutador, quase sempre à deriva. E, até sem querer, as pessoas aprendem a serem cada vez mais unicas; cada vez mais individuais e também mais mutantes. Digo isso ignorando o físico que atrai ou distrai. Atraio o foco para um ângulo mais profundo, interno. Você aprende que um sorriso mascara a tristeza; aprende que o visual engana o espiritual, e então você pode ser o que quiser, e quando quiser. Com a incerteza de que a vida pede por isso como uma regra de sobrevivência mútua, penso que adotam isso como uma maneira sutil e obrigacional de auto-convencimento. De que é possível, sim, fazer com que tais sentimentos sejam guardados e trancados à sete chaves até que o ferimento de guerra esteja devidamente suturado.
Mas uma coisa falta. Falta a sinceridade de um olhar, a ingenuidade que antes não havia maquiagem que a mascarasse. Hoje as pessoas são o que querem ser em determinados momentos, ou quando se cansam, talvez? Mas difícil mesmo é encontrar uma feição que assuma realmente o que se passa em um coração nocauteado, e admita publicamente o sofrimento. Pessoas acham que sorrisos curam. E curam mesmo, mas parcialmente. Só fazem com que as pessoas pensem: "E por que ela ainda está sorrindo?" Mas elas não sabem o quão difícil é sustentar algo perto do insustentável.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Who knew?
A pior das sensações. Pior do que nada fazer é simplesmente não saber o que fazer. Caminhar entre dois extremos e não saber onde é que se deve parar. Pior mesmo é tentar decifrar as consequências de cada escolha, mesmo sabendo que, se você arriscar uma ou outra, a consequência que virá poderá ser exatamente o oposto do que você pensava. "Não pense, faça", é o que mais ouço. Mas ações impensadas são as mais destrutivas, tanto para o ativo quanto para o passivo.
Até para quem está sofrendo é difícil calcular ações. O medo de doer mais do que já dói, ou jogar tudo para o alto e sentir tudo de uma vez. Mas e quando tudo o que você sabe se resume a uma via de mão única? Quando não se sabe o que se passa em outra mente, em outra cabeça; outras escolhas e frequências? Talvez signifique que você deva focar, então, no único ponto que você tem conhecimento? Em si próprio? Ou deve apenas recuar, e alguma lasca de conhecimento saltar esperançosamente para os seus braços?
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Just like you.
Não por falta de tentativa, muito menos por falta de disposição, mas é difícil. Quase uma prova de fogo para um coração tão cansado. Me fiz promessas absurdas, briguei comigo mesma quando me vi traindo a mim. Mas sou otimista ao ponto de pensar que uma hora, psicologicamente ou não, tudo isso vai passar. Você vai passar. E eu não vou mais pensar, não vou mais me importar. Assim como você já conseguiu esses feitos de uma forma osmótica, eu também vou conseguir. Vai ser perfeito, vai ser natural. Só espero, do fundo, que eu passe dessa para melhor primeiro do que você. E que eu olhe para trás e, simplesmente com um dar de ombros, vou dizer 'I just don't care anymore!' assim como você hoje faz.
E pode esperar, que tudo vai se igualar. Assim como você, vou torturar até espremer sangue puro. Vou deixar você louco de dúvida, louco para me decifrar, me contestar, assim como você faz comigo. Vou rir também, até o abdome travar de dor, da sua cara de tonto enquanto me procura com os olhos. E quando me achar, vou fingir que nunca passei os olhos por você, nunca parei ao te ver. Nunca sorri esperando você se aproximar e me abraçar. Assim como você faz comigo. E quando você pensar que está em paz, vou perturbar, até que você implore para que eu pare.
Assim como você faz comigo.
"Será que vai ser sempre assim? Bater a cabeça, achar que algo vai dar certo e depois me surpreendo tanto, que não para de doer. E me pergunto se essa dor vai ser pra sempre, e é ai que lembro que passa, tudo passa, eu sei que passa (...)" (Caio Fernando Abreu)
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
If I had heart.
Amargurada, coração fechado. Petrificado. Incapaz. Princesa de gelo é o que me chamam, embora mal saibam eles pelo o que passei. Pelo o que aturei e me obriguei a ter de passar por cima de cabeça erguida. E ainda ter que lhe dar com as artimanhas da vida, que parecem, sempre de um jeito diferente, dar uma pequena cutucada na cicatriz mal cicatrizada, dolorida. Me seguro, me aperto, me protejo. Do que, eu não sei. Mas minha mãe sempre me disse, "prevenir para não remediar". E sigo fielmente, que é para não passar mais tempo cuidando de feridas que eu não peço, que eu não mereço.
Mas quando o desejo de se atirar vence, eu me jogo. Me perco, me envolvo por completo. Amoleço, estremeço. Cansada de defender, ataco. Jogo todas as defesas, desarmo peripércias que passei tanto tempo construindo com veemência. Quem teve um dia a sorte de me ter, me teve por completo. Vou, luto, digo o "sim" firmemente. Aceito riscos, aceito loucuras que não condizem com minha mundana realidade. Mesmo sabendo do final desse conto, aceito de bom grado o aprendizado a ser proporcionado. Alimento da alma, é o que dizem. E acredito. Me estrepo, me perco no meio do caminho, mas trago a certeza de que tu que vai, volta. E volta em dobro.
Se quer vim mesmo assim, venha. Mas avise se não vier, que é pra preparar o coração. Desocupar lugares, reformular emoções. Porque, meu bem, não esqueça que todo mundo tem um coração.
Inclusive eu.
É só isso.

Dando murro em ponta de faca; andando em um labirinto de olhos e mãos atadas. É exatamenter assim que um coração cansado sente-se. Perdido. Confuso. Uma hora, até mesmo levantar-se de uma queda - mesmo que não seja tão grande quanto as passadas - torna-se doloroso. E mentiroso também. De nada basta tais pensamentos, já que por apenas alguns dias eles preenchem. Que venha mais uma! Mais duas, talvez. Eu aguento, nós aguentamos. Abastecidas de amor próprio, de salto alto e paetê, nem parece que a alguns dias atrás, enfiadas em uma tristeza estávamos. Volatilidade ou bipolaridade, chame do que quiser. Nós, mulheres, chamamos de superação.
Na verdade, meus queridos homens, nós temos três fases depois de uma desilusão. A primeira, é a qual vocês podem se orgulhar, se sentir lá no pico da agulha. Porque enquanto no triunfo a vossa senhoria se encontra, nós devastadas estamos. Lágrimas a fim de fazer um açude no quintal de casa, chocolates como se fizéssemos dieta de engorda; e pior mesmo, é saber que, enquanto nesse fim de poço estamos, virando uma bebida e risadas de deboches são colecionadas na sala de estar tua ou dos amigos teus.
O teu triunfo é o que dá o ponta pé para nossa segunda fase. Esta, vem quente, quase fervendo. Pulsa de um jeito no qual num letreiro em neon pisca tal mensagem: mantenha distância. E mantenham mesmo, porque aí vem a tal da raiva. Se antes éramos mocinhas indefesas, somos nesta bendita fase uma felina pronta para vingança. Garotos, uma advertência: saiam do meio e fiquem em casa. Com o resto de dignidade que nos resta, só queremos vingança e sangue derramado. É a parte que vocês se arrependem de terem nascido.
Embora seja bastante convencional, infelizmente (ou felizmente?) essa fase é a que menos dura. Vem em uma intensidade quase louca, nos tira do sério, nos deixa careca. Mas antes que nos deixe completamente louca e pitoresca, ela se vai. Rapidinho, rapidinho, que é pra chegar a ultima e mais importante fase.
Senhoras e senhoras, eis a magnitude da transformação que nós, mulheres, agradecemos por proporcionar-mos:
Maturidade. Para nós, essa é a mais triunfante. Perfeita e gustativa. Aquela no qual sambamos em cima de um salto agulha na felicidade prematura masculina. Depois de ter passado por tais fases anteriores, estamos cansadas demais de sofrimento e angústia para dar-mos atenção ao orgulho masculino que atropela, a qualquer maneira. A conformidade anda bem juntinho, dando um brilho a mais, seu toquezinho especial. Sem estresse e com desenvoltura feminina quase infalível, passamos ao lado de vocês como se tudo não tivesse acontecido. Incríveis, fabulosas e dissimuladas. Passamos por cima com um rolo comprensor que os deixam como um verdadeiro besta. Mas não babe não, não se arrependa não.
Sofrimento é apenas uma parte, uma coisa que nos ajuda a crescer. Dói, e não é pouco. Fere, e não sara tão rápido. Mas ajuda. Ajuda porque, lá dentro, bem no âmago feminino, nós aprendemos de uma maneira gloriosa. Aprendemos que nos amamos demais para continuar numa fossa aguda. É nessa fase, rapazes, que aprendemos a não errar mais no mesmo ponto. A diferenciar propósitos e a formar novos princípios. Uma armadura a mais, um misterio a mais para que o próximo possa se divertir. Então, aqui, deixo em nome das mulheres, meu agradecimento por experiências duras, mas que têm aprendizado constante e permanente.
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