sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nós, em vez de vocês.


Psicose de nos fazer arrancar um fio de cabelo de cada vez, até ficarmos completamente carecas. Carecas, tudo bem. Feias, tá, né, obra do destino. Mas gorda? Ah, não, de jeito nenhum. Guerras internas contra doces e guloseimas que amigas magérrimas se empaturram sem dó nem piedade dos olhares invejosos nem é preciso de relatos. Num domingo? Ah, não, nada de Miss Universo, Miss Brasil ou Miss Qualquer coisa. O quê? Aquela festa? Não, não, não tenho vestido certo. Fulana? É, eu bem vi que tinha uns pneus bem destacados naquele vestido superapertado. Cicrana com bulimia? Ah, jura? Coitadinha!
Que esses pensamentos preenchem uma parcela considerável e muito preocupante é de conhecimento unânime. Mas quem liga? Estando magra, tá tudo certo, é o que a parcela preocupante diz. Mesmo não sendo um exemplo de superação e aceitação, gosto da tese que vou desenvolver: 

Prefiro ter minhas gordurinhas que não fazem mal a ninguém do que viver a vida inteira tentando reduzi-las a pó. Mesmo que o modelo ideal firmado pela sociedade seja a magreza, essa mesma sociedade terá de nos aceitar assim, gordinhas assumidas. Nós, que também somos mulheres, que também temos nossos pontos fortes exteriores, que também temos sentimentos e um senso de humor incontestável. Nós, que comemos o que gostamos, o que nos faz feliz e que torna nossos dias mais adocicados. 
Nós, antes de vocês.

Vocês, que passam o mês inteiro preocupadas com o vestido superapertado que irão usar naquela festa. Vocês, que mesmo diante de tudo o gostam de comer preferem comer uma saladinha azeda e sem graça. Vocês, que se desesperam porque publicaram uma foto gorda sua no Facebook. Vocês, que, ao em vez de se preocuparem com o que o cara achou do seu papo, do seu humor e do seu jeito de tratar as pessoas, se preocupa com o que ele achou do seu corpo, da sua roupa e da make.
Vocês, depois de nós.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

I Drink to That



Hoje li uma frase bastante motivacional e eu, como participante ativa do mundo de ideias saltitantes e contraditórias do mundo feminino, achei de importância extrema que, pelo menos uma vez ao dia, todas as mulheres do mundo deveriam dizer para si mesmas. Foi, se não me engano, uma citação da Blair de Gossip Girl. Diz exatamente assim: "Eu não preciso de ninguém que não queira estar comigo." 
Desde vários anos passados, as mulheres finalmente ganharam voz e direitos. Sutiãs foram queimados em praças públicas, protestos gritantes foram feitos nas ruas; e além de muitas outras atitudes que trouxeram as mulheres para a posição que se encontram hoje. Libertinas, nós declaramos independência ao termo "sexo frágil" sem nem mesmo perder a sensibilidade. Tá, tudo bem, que seja. Mas o que diabos toda essa ação revolucionária de queima de sutiãs, independência e turbulência no decorrer da história tem haver com Gossip Girl, Blair e a tal dita cuja frase? Acontece, minhas lindas, que as mulheres vêm tendo esse comportamento independente desde essas tais queimas de sutiãs em busca da liberdade de expressão. Tudo desencadeou tão rapidamente que aqui estamos, de peito estufado e mente aberta. Cheias de não preciso disso, não preciso daquilo outro.


E bem, nesses ditos tempos modernos, nem é preciso saber que, de bestas, já perdemos a máscara. E nessas condescendes experiências, as mulheres cada vez mais cedo vêm se amando cada vez mais e vêm se cuidando de uma maneira formidável. São tantas suturas ao longo do caminho, tantos perrengues, que desde garotas são obrigadas a ter de aprender com os próprios erros. E hoje, essa frase reconstrói muitas mulheres. Dão à elas o que elas faltam para continuar: amor próprio. Digo isso porque é muito mais cômodo para nós nos auto-convencer de que não precisamos. Não queremos. Não podemos. Não, não e muitos outros nãos. 


Não por uma guerra de sexos eu falo das mulheres. Acho que nenhum dos sexos está em excelência, mas ressalto as mulheres por todos esses tempos que foram, sim, duros para nós, mas que nos trouxeram a um patamar que nossas bisavós jamais imaginariam que nós estaríamos: um patamar de exigências, de orgulho próprio e independência de sentimentos levianos.